Corrupção. Na Copa do mundo, na preparação, nas obras.
Desigualdade social, cinismo. Violência. NÃO.
Aquecimento global, desastre ecológico. NÃO.

Mas também não é sobre estas sombras que viemos falar.

É sobre aquela outra, do ciclo das estações.

Não estamos acostumados a significar o escuro de forma positiva ou virtuosa.
É justo sobre a potência do escuro que fala o Tao.

Mas porque agora?
21 de Junho é solstício de inverno do hemisfério sul.
O tempo do ano de menor luz, maior escuridão.

Para os que vivem nas regiões mais ao sul do país, nota-se a variação na quantidade de luz.
Justo, o sistema Taoísta foi organizado no hemisfério norte, em altas latitudes.
Em Beijing, no dia do solstício, há apenas 9 horas de sol aparente durante o dia. Em Moscou, 7 horas, Em São Paulo, 11 horas. A variação para nós é menor, mas ainda provoca efeito sobre o corpo e a consciência.

Para estes, vale o tempo aparente do sol, e a intensidade da luz que nos chega (angulação)
É sobre a variação deste movimento que os Taoístas percebem o efeito no corpo-consciência.

Os dias que seguem o Solstício de Inverno são representados pelo hexagrama do I Ching número 24 – O Retorno da Luz.
Este símbolo foi usado pelo físico-autor Fritjof Capra em seu livro “Ponto de Mutação” onde descreve o renascimento da sociedade em analogia com esta qualidade do tempo.

Assim, nos dias que precedem o solstício e no seu início, temos o máximo de Yin (Princípio obscuro) do ciclo solar anual. O Clímax do inverno. (Aqui no ocidente consideramos o início do inverno)

Há um movimento de interiorização da luz, da consciência.

Por isto o tratado da harmonia do ser humano com o ciclo das estações propõe que os hábitos saudáveis para estes meses seriam o recolhimento, o sono profundo, o isolamento e a diminuição do contato sexual.

Pois aí encontram-se as virtudes do obscuro, da água.
O recolhimento é o movimento necessário para o armazenamento da potência. A água ao dirigir-se para as profundezas, inicia seu processo de acúmulo.
Após o solstício, a potência acumulada inicia seu ciclo de manifestação.

Do que? Para o Tao, a água representa a força primária de vida, aquilo que confere a potência para a criação de um corpo e para o desenvolvimento de uma vida.
O armazenamento da potência para o cumprimento de Tian Ming – O Mandato para ser.

Nas profundezas de suas águas, reside uma força latente capaz de despertar na consciência uma “vontade de vida”. Em outros termos, a sensação de ter um propósito para viver. Um propósito autêntico, diferente daqueles substitutivos e insatisfatórios criados pela sociedade e requisitados pelo ego.

À todos um bom mergulho neste dia especial!

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